Por que alguns pregadores gritam tanto?

     

     Muitas pessoas se afastam de determinados grupos de oração com a justificativa de que se incomodam com o pregador que grita. Isto torna-se polêmico porque na maioria das vezes em vez destes pregadores se autoanalisarem, preferem transferir a causa julgando de que nelas faltam fé.

  Alguns pregadores gritantes poderão até usar de interpretações fundamentalistas da Bíblia para explicar suas práticas excessivas na pregação. Como por ex. O versículo no livro do profeta Jeremias: "Invoca-me e te responderei..."; com uma tradução errada da Bíblia que troca o verbo "invocar" por "clamar", que poderá entender-se: "Gritar". Pode até ser "gritar" sim, mas se seguirmos o contexto entenderemos que Deus nos manda clamar a Ele mesmo em oração, não gritar para a assembleia. Poderão usar também as passagens do evangelho que evidenciam João Batista como aquele que clama (Grita) no deserto (Mt 3,3; Mc 1, 3; Lc 3, 4; Jo 1,23), porém, ele clama no "deserto", que pode significar não exatamente um espaço geográfico, mas a alma sedenta do próprio profeta e do povo de Israel que tanto esperava o Messias. Além do mais, cristãos não devem ser imitadores de profetas, mas de Cristo, do qual o próprio João batista aponta: "Eis o Cordeiro de Deus"... (Jo 1, 29).

     O evangelista Mateus narra Jesus diferentemente de muitos profetas e pregadores do seu tempo (Mt 12, 17-21), usando o capítulo 42 versos 1 a 4 do livro do profeta Isaías; um Pregador que mais realiza prodígios que fala... "Ele não grita, nunca eleva a voz, não clama nas ruas".
     
     A unica vez que o Evangelho narra Jesus gritando é em João 7, 37: "Aquele que tiver sede, venha a mim e beba!". Isto porque Ele se encontrava numa das maiores festas judaicas: "A festa da Páscoa", e no ultimo dia da festa, o dia mais cheio de gente, mais movimentado e mais barulhento; barulho típico de festa, com música e muitos instrumentos tocando, pessoas falando, cantando, dançando... havia razão adequada para o maior pregador de todos os tempos "gritar". Valendo lembrar que nesses tempos não havia equipamentos de som como microfones e caixas acústicas.
     
     Muitos especialistas como: Psicólogos, psicanalistas e mestres em oratória, explicam que as pessoas quando não tem mais argumentos em certas situações onde precisam mais evidencias, ou se calam para esconderem seu fracasso ou gritam tentando transferir sua impotência para o foco das emoções e histerias. No caso do pregador ou orador, não sendo conveniente calar nesses momentos, preferem a segunda opção.
     
     O bispo anglicano Desmond Tuto (Africa do Sul), grande defensor dos direitos humanos, com premio Nobel da Paz em 1984, escreveu em uma de suas obras: "O grito é o argumento de quem não tem argumento".
     
     Em fim, não é a força da eloquência que convencerá, é o Espirito Santo (Zc 4, 6).
     
     Quero finalizar abordando aqui três motivos suficientes para que o pregador não grite durante a pregação:
     
    1º - O fato de dispor de um microfone. O microfone é exatamente para possibilitar ao pregador uma boa locução sem tanto esforço, ou seja, para gritar não precisa do microfone, ele perderia sua principal função. Além disso, o microfone tem em seus componentes eletrônicos interno o limite de volume adequado, o uso exagerado de volume de voz acarreta defeitos, panes e diminuirá seu tempo de vida.
     
    2º - Sabemos que não é por força de palavras humana que traremos as pessoas para a Igreja e sim o entendimento da Palavra de Deus. É o Espirito Santo que através da Palavra que faz uma pessoa voltar para Deus e mudar de vida, assim, a pregação precisará de conteúdo, fundamento, e não de volume.
     
     3º - Respeito aos ouvintes. Respeito é uma coisa que todos nós queremos. Mas precisa ser recíproco; não o teremos se não o dermos. Nem todas as pessoas são receptivas a lugares muito barulhentos onde há excesso de barulho ou volume de som auto, algumas tem problemas de saúde ligadas a isso, físicos ou psicológicos, então, o pregador que grita muito, ao invés de atraí-las, afastam-as, fazendo com que elas procurem outra igreja.
     
    Quero fazer também uma ressalva para alguns casos convenientes. Há momentos que naturalmente o pregador por vários fatores momentâneos possa elevar-se na emoção, e assim é normal e natural que não possa conter uma tonalidade mais elevada na forma de pregar, mas sem demostrar histeria. Há alguns carismas próprios concedidos pelo Espirito Santo e suas manifestações que geralmente veremos em cultos carismáticos e pentecostais, são ocasiões específicas que requer muito discernimento dos dirigentes para evitar confusão e que escandalizem os dons do Espírito. Já nos ensinou São Paulo: "Mas faça-se tudo com dignidade e ordem" (1Cor 14, 40).
     
     Paz e fogo do céu no púlpito!

     Dono do blog





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