A sabedoria do silenciar
Até os insensatos quando se calam passam por sábios
O silêncio é valioso, sobretudo quando
estamos em uma situação difícil, quando é preciso mais ouvir do que
falar, mais pensar do que agir, mais meditar do que correr. Tanto a
palavra quanto o silêncio revelam o nosso ser, a nossa alma, aquilo que
vai dentro de nós. Jesus disse que “a boca fala daquilo que está cheio o
coração” (cf. Lc 6,45). Basta conversar por alguns minutos com uma
pessoa que podemos conhecer o seu interior revelado em suas palavras;
daí a importância de saber ouvir o outro com paciência para poder
conhecer de verdade a sua alma. Sem isso, corremos o risco de rotular
rapidamente a pessoa com adjetivos negativos.
Sabemos que as palavras são mais
poderosas que os canhões; elas provocam revoluções, conversões e muitas
outras mudanças. A Bíblia, muitas vezes, chama a nossa atenção para a
força das nossas palavras. “Quem é atento à palavra encontra a
felicidade” (Eclo 16,20). “O coração do sábio faz sua boca sensata, e
seus lábios ricos em experiência” (Eclo 16, 23). “O homem pervertido
semeia discórdias, e o difamador divide os amigos” (Eclo 16,28). “A
alegria de um homem está na resposta de sua boca, que bom é uma resposta
oportuna!” (Pr 15,23).
Quanta discórdia existe nas famílias e
nas comunidades por causa da fofoca, das calúnias, injúrias,
maledicências! É preciso aprender que quando errarmos por nossas
palavras, quando elas ferirem injustamente o irmão, teremos de ter a
coragem sagrada de ir até ele pedir perdão. Jesus ensina que seremos
julgados por nossas palavras: “Eu vos digo: no dia do juízo os homens
prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido. É por tuas
palavras que serás justificado ou condenado” (Mt 12, 36).
Nossas palavras devem sempre ser “boas”,
isto é, sempre gerar o bem-estar, a edificação da alma, o consolo do
coração; a correção necessária com caridade. Se não for assim, é melhor
se calar. São Paulo tem um ensinamento preciso sobre quando e como usar a
preciosidade desse dom que Deus nos deu que é a palavra: “Nenhuma
palavra má saia da vossa boca, mas só a que for útil para a edificação,
sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem” (Ef 4, 29).
Erramos muito com nossas palavras; mas por quê?
Em primeiro lugar porque somos
orgulhosos, queremos logo “ter a palavra” na frente dos outros; mal
entendemos o problema ou o assunto e já queremos dar “a nossa opinião”,
que muitas vezes é vazia, insensata, porque imatura, irrefletida. Outras
vezes, erramos porque as pronunciamos com o “sangue quente”; quando a
alma está agitada. Nesta hora, a grandeza de alma está em se calar, em
conter a fúria, em dominar o ego ferido e buscar a fortaleza no
silêncio.
Deus nos fala no silêncio, quando a
agitação da alma cessou; quando a brisa suave substitui a tempestade;
quando a Sua palavra cala fundo na nossa alma; porque ela é “eficaz e
capaz de discernir os pensamentos de nosso coração” (cf Hb 4,12).
Prof. Felipe Aquino
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