Lançado livro-entrevista do Papa Francisco sobre misericórdia
“O nome de Deus é misericórdia” é o título do livro, fruto de uma entrevista do Papa ao vaticanista Andrea Tornielli
A misericórdia é a “carteira de identidade” de Deus, assim diz o Papa
Francisco no livro-entrevista “O nome de Deus é misericórdia”, que se
encontra a partir desta terça-feira, 12, nas livrarias italianas e em 86
países. A publicação relata uma entrevista do Pontífice ao jornalista
vaticanista Andrea Tornielli, do cotidiano “La Stampa” e coordenador do
site “Vatican Insider”.
Dividido em nove capítulos e 40 perguntas, o livro – editado pela
Piemme – tem a capa autografada por Francisco. A primeira cópia do
volume, em italiano, foi entregue ontem à tarde ao Pontífice, na Casa
Santa Marta.
A entrevista foi concedida em julho de 2015, após a visita do Papa à
América Latina (Equador, Bolívia e Paraguai). Francisco recebeu o
jornalista Tornielli na Casa Santa Marta, munido da Bíblia e de citações
dos Padres da Igreja. A misericórdia foi o tema da conversa, tendo em
vista o Jubileu extraordinário que seria aberto cinco meses depois. Os
frutos desse diálogo estão no livro lançado hoje.
Oração, reflexão sobre os Papas precedentes e uma imagem da Igreja
como “hospital de campanha” que “aquece os corações das pessoas com a
proximidade”. Esses são os três fatores, explica o Papa, que o levaram a
instituir um Jubileu da Misericórdia.
“A Igreja não está no mundo para condenar, mas para permitir o
encontro com o amor visceral que é a misericórdia de Deus”, refere
Francisco, na entrevista ao vaticanista italiano.
Num dos trechos da obra, divulgado pela Rádio Vaticano, Francisco diz
que também o Papa é alguém com “necessidade da misericórdia de Deus” e
revela ter uma relação especial com os presos.
“Tenho um especial carinho pelos que vivem na prisão, privados da
liberdade. Fiquei muito ligado a eles, por esta consciência do meu ser
pecador”, explica, acrescentando que não se sente “melhor” do que
aqueles que estão à sua frente.
Missão da Igreja no mundo
O Papa apresenta a sua visão sobre a missão da Igreja no mundo,
sublinhando que quando “condena o pecado” o faz porque “deve dizer a
verdade”. Ao mesmo tempo, no entanto, “abraça o pecador que se reconhece
como tal, aproxima-se dele, fala-lhe da misericórdia infinita de Deus”,
à imagem de Jesus, que “perdoou mesmo os que o crucificaram”.
“Seguindo o Senhor, a Igreja é chamada a derramar a sua misericórdia
sobre todos os que se reconhecem como pecadores, responsáveis pelo mal
que fizeram, que sentem necessidade do perdão”, observou.
O Ano da Misericórdia
Em
relação ao Ano Santo extraordinário que convocou, o Jubileu da
Misericórdia (dezembro de 2015-novembro de 2016), Francisco espera que a
iniciativa permita fazer emergir um rosto cada vez mais materno da
Igreja.
O Papa convida as comunidades católicas a “sair das igrejas e das
paróquias” para ir ao encontro das pessoas, onde elas vivem, “sofrem e
esperam”.
“A Igreja em saída tem a caraterística de surgir no local onde se
combate, não é a estrutura sólida, dotada de tudo”, mas um “hospital de
campanha” no qual se pratica uma “medicina de urgência”.
Nesse sentido, deseja que o jubileu extraordinário “faça emergir cada
vez mais o rosto de uma Igreja que redescobre as vísceras maternas da
misericórdia e que vai ao encontro de tantos feridos necessitados de
escuta, compaixão, perdão, amor”.
A tradução portuguesa, que inclui a Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, é editada pela Planeta.
A obra é apresentada numa sessão em Roma, com a presença do autor,
Andrea Tornielli, e do ator e realizador italiano Roberto Benigni, com
quem o Papa se encontrou esta segunda-feira, juntamente com Zhang
Agostinho Jianqing, um preso chinês na Itália que se converteu ao
catolicismo.
Da Redação, com Rádio Vaticano e Agência Ecclesia
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