Alimentação e oração caminham juntas?
Com a falta de alimentação e oração, passamos a ser desnutridos espiritual e fisicamente
O primeiro ponto importante para refletirmos é como um corpo mal
nutrido pode corresponder também a uma alma que não é nutrida por Deus.
Estar bem nutrido é dar as doses certas de nutrientes em quantidade e
qualidade para o corpo. E não basta dar apenas proteínas ou só
vitaminas, porque as carências alimentares vão aparecer e, junto com
elas, consequentemente, as doenças.
Na nossa vida espiritual, se não nos alimentarmos pela oração, se não
soubermos buscar o “alimento” certo e em quantidade certa, seremos
desnutridos espiritualmente e ficaremos com a alma doente.
Na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus, neste ano, o Papa Francisco nos falou, em sua homilia, sobre o verdadeiro alimento que sacia a alma: “Se
olharmos ao nosso redor, daremos conta de que existem tantas ofertas de
alimento que não vêm do Senhor, mas, aparentemente, satisfazem mais.
Alguns se nutrem de dinheiro, outros de sucesso e vaidade; há ainda os
que se alimentam de poder e orgulho. No entanto, a comida que nos
alimenta verdadeiramente e que nos sacia é somente aquela que nos dá o
Senhor! O alimento que Ele nos oferece é diferente dos outros, e talvez
não nos pareça saboroso como certas iguarias que nos oferece o mundo.”
Outro ponto importante que podemos refletir é que para cumprirmos bem
nosso trabalho e missão, é necessário ter o vigor e o ânimo que os
alimentos nos trazem. Vemos isso na Palavra de Deus quando Elias,
fugindo, sentiu-se desfalecer de fraqueza; então, o anjo o chamou e
alimentou, enviando-o novamente para a missão.
“E o anjo do Senhor tornou uma segunda vez, tocou-o e disse:
‘Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho’. Levantou-se,
pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta
dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus” (1 Reis 19,7-8).
Vale lembrar que a privação de determinados alimentos parcial ou
completa, como uma forma de se relacionar com Deus – prática do jejum –,
não pode ser entendida apenas como uma via natural e explicável, pois
aí temos toda uma mística, uma ação sobrenatural de Deus no corpo do
homem.
Vemos na história de vários santos que muitos se alimentavam apenas
com a Eucaristia, e ela os sustentava de forma completa, no que diz
respeito também ao seu sustento físico. Santa Catarina de Sena, por
exemplo, desde a idade de 20 anos, só se alimentava com a Sagrada
Eucaristia. Dessa forma, podemos perceber verdadeiramente que os
mistérios de Deus na vida do homem vão muito mais além do que aquilo que
podemos explicar de forma fisiológica. Por isso, podemos dizer que a
alimentação e a oração caminham juntos: alimentos do corpo e alimentos
da alma. Nós rezamos também com o nosso corpo!
Cristiane Zandim
Cristiane Pereira Zandim nasceu em Brasília / DF. É missionária na comunidade Canção Nova desde 2011. Cursou Nutrição na Universidade Universidade Federal Dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
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