Ser "santo" pra quê?


 

Qual deve ser a motivação de alguém que almeja a santidade?

E qual tem sido a sua?

Motivar. Esse verbo ultimamente tem sido muito desenvolvido e explorado em teses de psicologia, de pedagogia, de gestão administrativa e econômica. A motivação de uma pessoa pode determinar os resultados dos seus esforços, bem como a realização interior proporcionada por eles. Você já se perguntou o que lhe motiva de verdade? O que realmente lhe faz realizar as pequenas e as grandes coisas da vida? Tudo o que fazemos, ainda que nem sempre percebamos, tem uma motivação geradora.

Há pessoas que realizam grandes coisas e empreendem grandes esforços para ficarem ricas, famosas e bem-sucedidas profissionalmente, o que é muito justo e licito. Numa perspectiva natural, queremos que nossos esforços e investimentos sejam recompensados. Há pessoas que se casam para serem amadas, outras por terem medo da solidão. Há outras que nunca se casaram formalmente, embora se relacionem conjugalmente (porque no fundo , nunca quiseram se comprometer de verdade com alguém).

A motivação da mente e do coração podem ser determinantes na formação do caráter e da trajetória de vida de uma pessoa. Essa motivação e decisão, pode ser mais ou menos justa, mais ou menos virtuosa, com mais ou menos frutos, dependendo do conteúdo presente nesse coração.

Uma santa com a motivação certa

Santa Teresinha do Menino Jesus decidiu viver tudo, cada um dos seus dias, com e por amor. Essa era a sua única motivação. Leia com atenção esse seu belíssimo poema:

“Ser tua esposa, oh Jesus, carmelita, mãe das almas, deveria ser o bastante para mim. Sinto na alma o desejo de realizar por Ti, oh Jesus, todas as obras, por isso uma única missão não seria o bastante. Quisera percorrer a terra, pregar Teu nome, levar Tua cruz. Sim, atinei meu lugar na igreja e tal lugar, oh meu Deus, fostes Vós que me destes.  No coração da Igreja, minha mãe, serei tudo, serei o amor. Sim, atinei meu lugar na igreja, e tal lugar, oh meu Deus, fostes Vós que me destes. No coração da Igreja, minha mãe, serei tudo, serei o amor.”

Confesso que fui muito alcançado enquanto redigia essa matéria para o Portal da Comunidade. Você que tem o habito de ler os meus textos, sabe dos meus atuais limites de saúde. Eu tive encefalite herpética, um vírus que atingiu uma área do meu cérebro. Eu poderia ter morrido, porém fiquei com um efeito colateral. Hoje eu sofro com perda de memória recente, preciso andar com um bloquinho de anotações no bolso, registrando os acontecimentos rotineiros da vida.

Minha enfermidade, porém, me ensinou e me ensina a valorizar cada segundo do meu dia. Há uma eternidade escondida no tempo, pequenas migalhas da presença divina. Se eu viver com inteireza de coração (e com a motivação do amor) cada segundo, posso desfrutar do céu aqui na terra. Enquanto redigia este texto com prazer, mas também com sacrifício, me sentia muito consolado e animado por essa gigante da Igreja que muito amou. Pensei muito nos desafios e limites que vivo hoje e naquilo que ela também viveu…

Termino então minha partilha pegando carona no poema dessa santinha. Desejo, que de alguma forma, eu também possa profetizar algo para a sua vida.

“Ser teu discípulo, oh Jesus, Shalomita, ministro da paz, deveria ser o bastante para mim. Sinto na alma o desejo de realizar por ti, oh Jesus, todas as obras, a contemplação, a unidade e a evangelização, todos os estados de vida… uma única missão, não seria o bastante, portanto. Encontrei, porém, oh meu Deus, meu lugar na Igreja e na vocação Shalom, e esse lugar, fostes Vós que me destes. No coração da Igreja, minha mãe, no coração da minha vocação, serei tudo, serei o amor. Essa será a minha maior motivação. Viverei cada segundo do meu dia com uma única interrogação na cabeça: “Como te amar mais, aqui e agora? Que assim seja até o fim…”

(Que o testemunho dessa gigante tenha lhe alcançado tanto quanto alcançou a mim. Deus lhe abençoe!

Rodrigo Santos (Comunidade Shalom)

https://comshalom.org



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