NA BUSCA DO ESPÍRITO.
NO PRINCÍPIO ERA A BELEZA...
“Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa” (Gen. 1,31).
A página inicial da Bíblia apresenta-nos Deus, construtor genial de beleza, maravilhado e admirado com a obra nascida do seu gênio artístico. Mas Deus não quis contemplar a beleza da Criação sozinho. No 6º dia criou o ser humano, o fruto mais nobre do seu projeto, a quem submeteu a natureza inteira como um campo imenso onde exprimir a sua capacidade inventiva e criativa. De fato, depois de ter criado o homem e a mulher “à sua imagem”, Deus confiou-lhes a tarefa de serem artífices. Com amorosa condescendência, o Artista divino transmite uma centelha da sua sabedoria transcendente ao ser humano, chamando-o a partilhar do seu poder criador.
“Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa” (Gen. 1,31).
A página inicial da Bíblia apresenta-nos Deus, construtor genial de beleza, maravilhado e admirado com a obra nascida do seu gênio artístico. Mas Deus não quis contemplar a beleza da Criação sozinho. No 6º dia criou o ser humano, o fruto mais nobre do seu projeto, a quem submeteu a natureza inteira como um campo imenso onde exprimir a sua capacidade inventiva e criativa. De fato, depois de ter criado o homem e a mulher “à sua imagem”, Deus confiou-lhes a tarefa de serem artífices. Com amorosa condescendência, o Artista divino transmite uma centelha da sua sabedoria transcendente ao ser humano, chamando-o a partilhar do seu poder criador.
Na “criação artística”, mais do
que em qualquer outra atividade, o ser humano revela-se como“imagem de
Deus” e realiza aquela tarefa, em primeiro lugar plasmando a “matéria”
estupenda da sua humanidade e depois exercendo um domínio criativo sobre
o universo que o circunda. Segundo a expressão do Gênesis, todo
ser humano recebeu a tarefa de ser artífice da própria vida: de certa
forma, deve fazer dela uma obra de arte, uma obra-prima. Todos somos
artistas.
Ao lançar um olhar contemplativo sobre a Criação e ver
que tudo o que tinha criado era bom, Deus viu também que tudo era belo. A
beleza é a expressão visível do bem. Vivendo e agindo é que o ser
humano estabelece a sua relação com o ser, a verdade e o bem. O artista é
aquele que vive numa relação peculiar com a beleza. Pode-se dizer, com
profunda verdade, que a beleza é a vocação a que o Criador o chamou com o
dom do talento artístico. “A beleza é para dar entusiasmo ao trabalho, o trabalho para ressurgir” (Cyprian Norwid).
Na
busca ansiosa da beleza, o ser humano pode descobrir a profunda
dimensão espiritual e religiosa que sempre caracterizou a arte nas suas
formas expressivas mais nobres. Assim, pois, a beleza salvará o mundo,
como soube interpretar S. Agostinho, um enamorado do belo: “Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Te amei”. S.
Inácio, também um homem sensível à beleza, durante os Exercícios
Espirituais, convidava os exercitantes a contemplar o Evangelho como os
artistas, e os ensinava a aplicar os sentidos, um após outro, nos
acontecimentos da vida de Jesus Cristo. A C.Geral XXXI reconhecia a
especial importância da arte ao “oferecer um caminho particular para
chegar ao coração” (n. 554) e falou da importância das artes “no
trabalho apostólico para estender a mensagem de Cristo” (n. 558).
Com
efeito, toda a intuição artística autêntica ultrapassa o que os
sentidos captam e, penetrando na realidade, se esforça por interpretar o
seu mistério escondido. Ela brota das profundidades da alma humana, lá
onde a aspiração de dar um sentido à própria vida se une à percepção
fugaz da beleza e da unidade misteriosa das coisas. Cada forma autêntica
de arte é, a seu modo, um caminho de acesso à realidade mais profunda do
ser humano e do mundo. E, como tal, constitui um meio muito válido de
aproximação ao horizonte da fé. “Contemplava nas coisas belas o
Belíssimo e, seguindo o rasto impresso nas criaturas buscava por todo o
lado o Dileto” (S. Boaventura). Texto bíblico: Prov. 8,22-36:
. A Criação é uma obra alegre, é um divertimento divino, é um canto puro de harmonia e de destreza.
. Sem arte, religião e mística o ser humano se esteriliza e congela na racionalidade da organização e na eficiência de sua produtividade.
. A Criação é uma obra alegre, é um divertimento divino, é um canto puro de harmonia e de destreza.
. Sem arte, religião e mística o ser humano se esteriliza e congela na racionalidade da organização e na eficiência de sua produtividade.
Graças à mística, despertada e alimentada pela arte, resgatamos a beleza
interior das coisas e somos capazes de imprimir sentido ao existir para
transformar o mundo que se faz espaço viável de ser habitado por
pessoas felizes. De fato, a arte abre acesso à verdade que a razão
não alcança; ela nos liberta da desintegração interior como nos defende
da dispersão exterior. Nobre pacificadora, a arte restitui a antena do
sexto sentido pelo qual, em tudo, nos posicionamos no centro do universo
atingindo também as mais íntimas dobras do humano coração.
Na oração: desperte o seu sexto sentido, aguce suas percepções, contemple, amplie horizontes...
Reflexões Orantes do Reitor do SantuárioPe. Antonio Raimundo Sousa Mota S. J.
www.senhoradorosario.org/2013/08/na-busca-do-espirito_6.html
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