Como nos aproximarmos da Palavra de Deus?
É necessário criar vínculo com a Palavra.
Conta-se que o Imperador alemão Frederico II (+ 1250) quis saber qual
era a primeira língua do mundo, aquele que utilizavam Adão e Eva no
jardim do Éden. Como acreditava que todas as línguas são aprendidas por
imitação, escolheu doze recém-nascidos para que fossem criados
isoladamente, sem que ninguém lhes dirigisse uma palavra sequer. Deste
modo, segundo o Imperador, se ninguém falasse com eles, não poderiam
aprender a língua dos seus cuidadores, e o idioma “original” brotaria
espontaneamente de seus lábios. Assim se fez. Os bebês eram cuidados,
mas ninguém podia dirigir alguma palavra próximo a eles. O resultado foi
que, gradativamente, os bebês foram morrendo um a um. Por quê? Porque
lhes faltou a palavra.
Dar a palavra a alguém significa entrar em contato com essa pessoa, criar vínculos, fazer com que o outro participe de nossa própria interioridade.
Quando uma pessoa fica ferida por outra, costuma negar a esta sua palavra, e, embora esta não seja uma atitude cristã - pois o perdão que o Senhor pede que manifestemos nos leva a não excluir a ninguém do nosso amor -, tal gesto nos indica o peso que há no “dar a palavra”.
Dar a palavra a alguém significa entrar em contato com essa pessoa, criar vínculos, fazer com que o outro participe de nossa própria interioridade.
Quando uma pessoa fica ferida por outra, costuma negar a esta sua palavra, e, embora esta não seja uma atitude cristã - pois o perdão que o Senhor pede que manifestemos nos leva a não excluir a ninguém do nosso amor -, tal gesto nos indica o peso que há no “dar a palavra”.
Quando alguém nos pede que creiamos no que diz, costuma afirmar que “dá sua palavra”.
Essas breves considerações antropológicas nos ajudam a perceber o modo como Deus escolheu agir entre nós. Ele nos deu Sua Palavra. Cristo é a Palavra que se fez carne e habitou entre nós. Sua Palavra permite que conheçamos a intimidade da vida divina, cria vínculo com quem A recebe. Ele “deu Sua Palavra” para que nós acreditássemos que Ele é a verdade, para que participássemos de sua vida. Deus, com toda a força que implica este verbo, entregou Sua Palavra por nós até o extremo.
Vivemos num mundo no qual a palavra praticamente não tem valor. Estão em toda parte: nas “timelines” frenéticas de nossas redes sociais, nos anúncios publicitários, nos abundantes discursos dos políticos, dos “profissionais da fé”, e daqueles que procuram oferecer uma solução mágica para toda espécie de problemas. São tantas palavras que terminamos praticamente por desprezá-las, pensando: “não são mais que palavras”.
Um grande risco para nós seria permitir que esse clima de desvalorização da palavra permeasse a nossa relação com a Palavra feita carne. O acostumar-se com a Palavra de Deus, o pensar que já a conhecemos suficientemente, impediria a abertura necessária para que Ele possa comunicar-se conosco. Seríamos como aqueles bebês da lenda, que morreram, neste caso, não por não ouvirmos uma palavra, mas por tornar-nos impermeáveis a ela.
Estamos diante de uma Palavra que, embora próxima, não pode ser costumeira. Nossa atitude diante dela deve ser a mesma de Moisés no Horeb. Tirar as sandálias dos pés, sandálias empoeiradas pela rotina, para aproximarmo-nos com a expectativa de receber a eterna novidade de Deus.
Essas breves considerações antropológicas nos ajudam a perceber o modo como Deus escolheu agir entre nós. Ele nos deu Sua Palavra. Cristo é a Palavra que se fez carne e habitou entre nós. Sua Palavra permite que conheçamos a intimidade da vida divina, cria vínculo com quem A recebe. Ele “deu Sua Palavra” para que nós acreditássemos que Ele é a verdade, para que participássemos de sua vida. Deus, com toda a força que implica este verbo, entregou Sua Palavra por nós até o extremo.
Vivemos num mundo no qual a palavra praticamente não tem valor. Estão em toda parte: nas “timelines” frenéticas de nossas redes sociais, nos anúncios publicitários, nos abundantes discursos dos políticos, dos “profissionais da fé”, e daqueles que procuram oferecer uma solução mágica para toda espécie de problemas. São tantas palavras que terminamos praticamente por desprezá-las, pensando: “não são mais que palavras”.
Um grande risco para nós seria permitir que esse clima de desvalorização da palavra permeasse a nossa relação com a Palavra feita carne. O acostumar-se com a Palavra de Deus, o pensar que já a conhecemos suficientemente, impediria a abertura necessária para que Ele possa comunicar-se conosco. Seríamos como aqueles bebês da lenda, que morreram, neste caso, não por não ouvirmos uma palavra, mas por tornar-nos impermeáveis a ela.
Estamos diante de uma Palavra que, embora próxima, não pode ser costumeira. Nossa atitude diante dela deve ser a mesma de Moisés no Horeb. Tirar as sandálias dos pés, sandálias empoeiradas pela rotina, para aproximarmo-nos com a expectativa de receber a eterna novidade de Deus.
@pedemetrio
Diretor espiritual do Seminário São José de Niterói, e chanceler do Arcebispado da Arquidiocese de Niterói. Vigário Judicial Adjunto e Juiz do Tribunal Interdiocesano de Niterói. Professor do Instituto Filosófico e Teológico do Seminário São José. Está cursando o mestrado de Direito Canônico no Pontifício Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro, agregado à Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Presidente da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil para o Regional Leste 1 da CNBB. Membro da Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC). Administra também o website Presbíteros para a formação do clero católico.
Assista: A Revelação nas Sagradas Escrituras
12/09/2013 - 08h00
Tags: Bíblia sagrada escritura Igreja tradição magisterio Sã Doutrina Palavra de Deus novidade verdade fé
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