Como ajudar um dependente químico
No primeiro estágio da dependência química, a pessoa não considera ruim o uso que faz dos entorpecentes
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
De modo geral, há cinco princípios norteadores para a abordagem motivacional:
1. Expressar empatia –
Por meio de uma escuta reflexiva, você acolhe e compreende o ponto de
vista do outro sem necessariamente concordar com ele. Frases como
“entendo o que você diz” ou “partindo do seu ponto de vista” são
valiosos instrumentos a serem usados nesse princípio.
2. Desenvolver a discrepância
– Mostre a diferença entre seu comportamento, suas metas e o que ele
pensa que deveria fazer para alcançá-las. Em meu consultório, costumo
usar a figura do “caminho”, ilustrando onde ele está agora, aonde quer
chegar, qual o melhor trajeto a percorrer para atingir o ponto de
chegada.
3. Evitar a confrontação
– A pessoa deve ser sempre “convidada a pensar sobre o assunto”. Faça
uso de perguntas como: O que você pensa sobre isso? Podemos pensar
juntos em um plano de mudanças de hábito?
4. Lidar com a resistência
– Aquele que precisa de nossa ajuda pode resistir às sugestões ou
propostas que você fizer. Seja compreensivo e aguarde vir dele a decisão
de quando e como mudar. Forneça informações que o ajude a considerar
novas e diferentes alternativas. Exemplificando, ao abordar alguém que
faz uso abusivo ou nocivo de álcool, esclareço sobre os danos do consumo
de alto risco, as doses de bebidas consideradas seguras pelos
especialistas e a diferença no teor de álcool que cada bebida contém.
Aguardo que ele me interrogue: “O que fazer e como parar?”.
5. Fortalecer a autoeficácia
– Esse princípio está relacionado à motivação da fé que a pessoa tem em
si mesma, em sua capacidade de mudança. Encorajar e estimular cada
passo são atos importantes para que ela se sinta fortalecida e permaneça
firme no decorrer do caminho.
Após nos aprofundarmos nesses princípios,
vamos refletir sobre o primeiro estágio, que é a pré-contemplação.
Nele, a pessoa não considera ruim o uso que faz da substância. É aquele
usuário feliz que não vê seu comportamento como um risco para a sua
saúde, a de seus familiares e da sociedade. O que fazer nesse estágio? A
informação aqui ainda é o melhor instrumento a ser utilizado. Conscientizemos e esclareçamos sem nos impor.
Deixemos o primeiro passo partir dele. Depois, façamos recomendações ou
o motivemos em estratégias para reduzir ou cessar o consumo. Esse será o
ponto de partida da próxima etapa: a contemplação. Por enquanto,
resta-nos observar o discreto movimento do rolar da pedra.
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